sábado, 26 de janeiro de 2013

Perpétua-das-areias (Helichrysum stoechas)




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Científico ou comum, o nome das plantas troca-nos por vezes as voltas. Nascido no litoral, habituei-me a conviver à beira-mar com a perpétua-das-areias. Uma vez chegado ao Alto Douro, encontrei a perpétua-das-areias, nas rochas! 
Perpétua-das-areias é o nome comum de duas plantas do mesmo género botânico - a Helichrysum italicum, exclusiva de solos arenosos próximos do litoral e a Helichrysum stoechas, presente em locais secos e soalheiros, muitas vezes rochosos. É evidente que os espécimes com que me cruzo no Alto-Douro são da espécie Helichrysum stoechas
Na Antiguidade, as flores do género Helichrysum eram muito utilizadas para fazer grinaldas, com que se coroavam os ídolos. Por conservarem por muito tempo a sua cor amarelo dourada, eram conhecidas pelo nome vulgar de imortais ou perpétuas, daí o seu nome. O próprio termo Helichrysum, que resulta da junção de dois termos gregos, hélios (sol) e chrysos (ouro), realça a cor das flores destas plantas. 
Pela invulgar fragrância a caril, as duas espécies referidas neste texto são utilizadas em culinária, em pratos de arroz e vegetais. 
Adaptadas ao nosso meio, dependendo da estação formam belos tufos ora prateados ora dourados, consoante predominem as folhas ou as flores. Não poderia pois eu de deixar de ter a perpétua-das-areias (Helichrysum stoechas) no meu jardim. 
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Nome vulgar: Perpétuas-das-areias; Perpétuas; Perpétua-de-flores-encarreiradas; Marcenilha. 
Família botânica: Asteraceae
Nome científico: Helichrysum stoechas
Distribuição Geral: Sul e Oeste da Europa; Norte de Marrocos. 
Distribuição em Portugal: encontra-se dispersa no território nacional, estando apenas ausente no litoral alentejano, no litoral centro entre Nazaré e Aveiro bem como no Norte interior à exceção do Alto-Douro e depressões anexas. 
Habitat: Terrenos incultos, Rupícola, Matos xerófilicos abertos. Em sítios secos e soalheiros, indiferente edáfico. 
Floração: abril–setembro 
Características: Trata-se de uma planta perene, hermafrodita, herbácea, ainda que possa ter a base lenhosa. Os ramos erguidos formam almofadas densas, a que correspondem semiesferas com raios rondando os 40-50 cm. As folhas, algo peludas, estreitas, lineares e com o bordo enrolado, de cor prateada, ao serem tocadas emanam um forte odor a caril. As flores amarelas são compostas, em capítulos globosos reunidos em grupos na extremidade dos caules. As inflorescências são rodeadas de brácteas ásperas. 

Resistente ao frio e tolerante à exposição direta ao sol, no jardim dispensa a rega. A perpétua-das-areias é muito usada em arranjos florais. Valoriza qualquer jardim pela cor dourada das suas flores e pelo tom prateado das suas folhas. O seu hábito, naturalmente semiesférico, também poderá ser uma mais-valia. 
Rafael Carvalho / jan2013

4 comentários:

  1. Cheguei ao seu Jardim, através do Google, justamente para pesquisar sobre o Helichrysum stoechas, de que tenho vários exemplares espontâneos num jardim que vou construindo na Beira Baixa. Por aqui toda a gente lhe chama "Coroa-de-rei", certamente porque nesta zona do país por alturas do S.João se faziam coroas com as suas flores. Já não para coroar ídolos, como na Antiguidade, mas para pendurar no interior das casas perfumando o ambiente. Há quem ainda as conserve secas, mantendo-se o perfume característico vinte anos depois, mas o costume suponho já ter desaparecido completamente.

    Deste seu Jardim Autóctone recolhi informações preciosas e ensinamentos. Lembrei-me até que talvez tenha conhecimento sobre uma erva autóctone popularmente conhecida por "Trigo cheiroso", da qual só sei o nome. Outrora bastante apreciada nas aldeias beirãs, hoje parece que esta planta se extinguiu e já poucos se lembram dela.
    Cumprimentos,
    Rui Oliveira

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  2. Rui,
    agradeço o seu comentário, do qual também eu extraí ensinamentos, nomeadamente no que às "coroas-de-rei" diz respeito.
    Pelo nome de "trigo cheiroso", efetivamente não conheço nenhuma planta. Se souber algumas das suas características, poderá tentar fazer a identificação da planta em http://www.flora-on.pt/.
    Cumprimentos.

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  3. Adoro botânica e adorei tomar contato com o vosso blogue, com os meus melhores cumprimentos!

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  4. Artigo interessante sobre esta planta. Quando estive de férias na Ilha de Ré, fiquei imediatamente impressionado com o cheiro do caril na ilha. É graças a esta planta, que cresce nas dunas, que o cheiro é tão pronunciado. Infelizmente, as flores estavam um pouco baças este verão, pelo que não consegui tirar fotografias tão bonitas!

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