sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Verbasco-de-flores-grossas (Verbascum litigiosum)








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Garanto que as imagens que hoje apresento não foram obtidas em Madagáscar. A planta retratada não vive na Nova Zelândia e muito menos nas ilhas Galápagos. As fotografias são do verbasco-de-flores-grossas e obtive-as na Praia da Tocha, distrito de Coimbra.
Trata-se de um endemismo lusitano cuja distribuição se deveria presumivelmente resumir à faixa litoral portuguesa a sul do Cabo Mondego. Estes retratos foram por mim obtidos este verão 15 km mais a norte.
Com estatuto de ameaçada, o verbasco-de-flores-grossas é uma espécie protegida por vários decreto-lei. Alvo de sistemáticas perturbações, o seu habitat encontra-se muito alterado devido à expansão urbana, às atividades agrícolas e à extração de inertes, bem como à erosão e ao pisoteio das dunas.
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Nome vulgar: Verbasco-de-flores-grossas; Erva de Sampaio
Família botânica: Scrophulariaceae

Nome científico: Verbascum litigiosum
Distribuição Geral: endemismo lusitano
Distribuição em Portugal: faixa litoral do Algarve à serra da Boa Viagem
Habitat: solos arenosos de dunas, mais ou menos consolidadas
Floração: primavera e início de verão
Características:
Planta bienal com um único caule que pode atingir até 2 m de altura. Desenvolve-se a partir de uma roseta à superfície do solo. As folhas basais são alternadas, com pecíolo longo. As folhas caulinares que abraçam e escondem o caule são sésseis (sem pecíolo) e mais pequenas. Possui folhas espatuladas cujo aspeto aveludado lhe é conferido por uma penugem densa e amarelada. Na parte terminal da haste dispõem-se as flores cujos estames possuem filetes todos glabros (sem pelos). Esta característica permite facilmente distinguir o V. litigiosum do
V. thapsus, de quem já foi considerado uma subespécie. Os filetes do V. thapsus são cobertos de pelos lanosos. Flores e frutos distribuem-se compactamente não deixando ver o eixo da inflorescência.
Pela sua corpulência e robustez, isolado ou em grupo, o verbasco-de-flores-grossas revela-se extremamente ornamental. A sua manutenção em jardins à beira-mar – o seu ambiente natural, poderá contribuir para aumentar os seus efetivos populacionais e a área de distribuição desta espécie ameaçada da nossa flora autóctone.
Rafael Carvalho / ago2012

4 comentários:

  1. Muito interessante! Por acaso também costumo frequentar a praia da Tocha e realmente é possível ver muitas espécies vegetais nas dunas. A que me chamou mais a atenção foi a camarinha com os seus frutos brancos, que ainda não conhecia. Por outro lado também é preocupante ver as grandes manchas de acácias que se estendem na paisagem até à Serra da Boa Viagem. Em tempos tive verbascos no meu quintal mas, claro, de outra espécie, não sei qual. :P

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  2. Ora Rúben,
    as camarinhas de que fala são o encanto da criançada!
    As acácias-das-espigas são efetivamente uma praga e constituem uma prova da ignorância humana. Trata-se de uma espécie australiana, usada outrora pelos serviços florestais para fixar as dunas. A acácia-das-espigas veio a revelar-se invasora. As invasões biológicas são a segunda causa para a perda de biodiversidade.
    Cumprimentos.

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  3. Muito legal ! Parabens !

    http://www.asplantasmedicinais.com/

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  4. Dei por mero acaso com este sítio que acho deveras interessante. Não tenho jardim mas admiro grande parte dessas plantas na natureza com as quais me habituei a conviver desde criança. No caso concreto desta planta, o verbasco, cujo habitat se diz aqui que é limitado à faixa litoral do Algarve e à serra da Boa Viagem, porque a conheço bem, posso informar que é muito comum em Trás-os-Montes, designadamente no Nordeste Transmontano. É considerada venenosa, sendo utilizados os seus frutos esmagados para apanhar peixes em pequenos cursos de água.

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